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A força das empresas na preservação da biodiversidade e no combate às mudanças climáticas

Evento da Comissão de Bioeconomia discute a importância de unir clima e biodiversidade em ações concretas para um mundo mais sustentável

O futuro do planeta depende da integração entre clima e biodiversidade – e especialistas já estão apontando o caminho. A Comissão de Bioeconomia da CCIFB de São Paulo reuniu alguns deles no evento "Clima e Biodiversidade: os benefícios de um olhar integrado – Principais Frameworks e Projetos Inspiracionais" no dia 27 de novembro, na sede da Veolia, na capital paulista. Os convidados foram Lina Del Castillo (Veolia), Jean-Pierre Cantaux (Canopée) e Cyrille Bellier (UTOPIES Brasil & REVER Consulting).

Bellier ressaltou a importância de integrar as questões de biodiversidade e mudanças climáticas, que frequentemente são tratadas separadamente. Ele enfatizou que, para avançarmos de maneira eficaz, é essencial abordá-las de forma interconectada, considerando as interdependências entre essas áreas. Ele mencionou convenções globais como o DCFD e o TNFD, que oferecem frameworks essenciais para medir e gerenciar os impactos das empresas em relação ao clima e à biodiversidade.

Além disso, Bellier destacou o papel crescente das empresas na construção de soluções sustentáveis, mesmo na ausência de imposições governamentais. “As empresas estão se unindo para pressionar pela implementação de metas comuns, como exemplificado pelo movimento Business For Nature. Elas têm a força de pressionar e conseguem avançar coletivamente”, disse. Para ele, o envolvimento do setor privado é fundamental para garantir que os compromissos climáticos e de biodiversidade sejam cumpridos, refletindo uma crescente responsabilidade das empresas na agenda ambiental global. O convidado também mencionou o avanço de novas normas no Brasil, que agora incluem a gestão dos recursos naturais, o que reforça o impacto das empresas na construção de uma agenda mais sustentável.

A Veolia, líder global na gestão de água e esgoto, opera em mais de 58 países e tem um compromisso contínuo com a transformação ecológica. Lina del Castillo, diretora Executiva de Sustentabilidade, Marketing e Comunicação, destacou a flexibilidade da Veolia para adaptar seus serviços às necessidades ambientais. "Nosso portfólio de serviços vai mudando de acordo com o que vai sendo necessário", afirmou ela. “A companhia foca em três pilares principais: descarbonização, despoluição e regeneração de recursos, com um objetivo claro de minimizar os impactos ambientais.” A Veolia também adota uma abordagem integrada, que não só atende às demandas de seus clientes, mas também aplica as mesmas soluções dentro de suas próprias operações, monitorando e controlando áreas sensíveis à biodiversidade. "Precisamos pensar em como essas soluções geram impactos positivos no meio ambiente", explicou Lina.

Exemplos concretos do compromisso da Veolia com a sustentabilidade incluem a transformação de aterros sanitários em ecoparks, um modelo que alia controle ambiental com a regeneração da fauna e flora locais. No Brasil, a empresa já gerencia sete ecoparks, sendo quatro deles localizados em áreas sensíveis. Além disso, a Veolia tem se posicionado como um “parceiro de sustentabilidade", colaborando com seus clientes para implementar soluções baseadas na natureza e atingir metas de biodiversidade. Lina também falou sobre o projeto desenvolvido em parceria com a Braskem, no qual a substituição do gás natural por vapor gerado por biomassa ajuda na descarbonização. "Estamos evoluindo para soluções que geram impacto positivo no meio ambiente e nos ecossistemas", disse Lina.

Jean-Pierre Cantaux, CEO da Canopee, discutiu os desafios e objetivos de sua empresa no contexto global de biodiversidade e sustentabilidade. Segundo ele, a ideia de projetos sustentáveis ganhou força principalmente após a pandemia, quando se percebeu a urgência de adotar uma abordagem mais responsável. “Informar as pessoas sobre a importância e a riqueza do modo como vivem é um dos principais objetivos”, afirmou, destacando a necessidade de valorizar a biodiversidade e os ecossistemas. “Se queremos um futuro melhor, precisamos não só preservar o que resta, mas também recuperar áreas destruídas”.

Atualmente, a Canopee está focada em iniciativas de preservação e recuperação ambiental, com especial atenção à proteção de vastas áreas de floresta. O projeto ECABONO, que envolve geolocalização e tokenização, busca garantir transparência e rastreabilidade nas ações de conservação. Como destacou Cantaux, “Buscamos transparência ao informar nossos clientes, onde quer que estejam, sobre o status da área protegida. Também acreditamos que é importante envolver as comunidades locais, que possuem um conhecimento excepcional, com práticas muitas vezes já testadas e comprovadas pela ciência. Integrar esse saber tradicional é essencial para o sucesso dos projetos de preservação”, concluiu.

Confira abaixo o álbum de fotos e o vídeo do evento:

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