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Blindagem digital: Comissão de Tecnologia e Inovação da CCIFB debate proteção de dados em empresas

 

Não basta ‘cercar a casa, é preciso proteger o cofre’, diz especialista Abílio Branco; advogada Iara Melo aponta que Direito está se adaptando às mudanças na tecnologia 

 

Comissão de Tecnologia e Inovação da Câmara de Comércio França-Brasil (CCIFB) realizou webinar, no dia 31 de maio, para discutir um tema cada vez mais sensível aos negócios das empresas: a prevenção de evasão de dados. O evento foi apresentado pelo líder da ComissãoMarcio Tabach, e pelo líder da Comissão de Gestão de RiscoAntoine Blavier.

Abílio Branco, diretor regional de segurança de dados do Grupo Thales no Brasil, foi um dos palestrantes, ao lado da advogada Iara Melo, sócia do escritório Chenut Oliveira Santiago.

Durante o webinar, Abílio ressaltou a importância dos executivos tratarem a segurança de dados como um fator crucial para o sucesso de um negócio: “É preciso pensar como um atacante, estar preparado e evitar uma invasão, não apenas remediar os danos. É importante a alta administração estar perto da cibersegurança. Mostrar aos executivos que se trata de uma questão de controle de negócios, não só de tecnologia”.

O especialista lembrou que a modalidade de crime digital que mais cresce é o sequestro de dados – o ransomware. Ele pode paralisar as atividades de uma empresa e causar grande prejuízo. No Brasil, o custo médio de uma violação, em 2022, foi de cerca de R$ 7 milhões. “É muito mais caro ter que remediar, correr atrás, refazer seu sistema, do que prevenir”, afirmou.

Iara, por sua vez, disse que as leis brasileiras estão se adaptando a um mundo cada vez mais digital. Até pouco tempo, um vazamento de dados poderia se enquadrar no artigo 186 do Código Civil, que fala em ‘causar dano a outrem’. “Mas antes não havia uma lei específica”, frisou a advogada.

Isso mudou com a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que criou a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), autarquia responsável pela regulação e fiscalização da nova legislação. “A tendência do Direito é evoluir com a sociedade e regulamentar as ações humanas que estão acontecendo”, disse a palestrante.

Iara disse ainda que a ANPD, embora recente, vem evoluindo para buscar uma maior compreensão e abrangência de crimes digitais. “Foi criado um canal de denúncias para o titular de dados relatar vazamentos, o que torna o sistema mais acessível”, elogiou.

Neste sentido, a advogada afirmou que o setor jurídico das empresas deve atuar, em conjunto com outras áreas da companhia, na resposta aos ataques hackers. “É preciso considerar todas as equipes que fazem parte do contexto, comunicação, recursos humanos e jurídico. A empresa deve saber quem pode precisar indenizar, se vai rescindir contratos, quem responsabilizar, o que pode falar para a mídia, que tipo de monitoramento fazer”, exemplificou.

Abílio também apontou que a evolução da tecnologia – com o advento da nuvem, por exemplo – requer mais segurança. Ele comparou o sistema de proteção de dados a uma casa. Segundo o palestrante, atualmente não basta instalar muros e portas na entrada da residência, resguardando somente o perímetro do sistema de dados,

“Quando a gente fala de um ambiente público, compartilhado, é mais difícil controlar o acesso. Por isso, só barreiras pontuais não são suficientes. É aí que entra o conceito de blindar o próprio dado. Se alguém entrar na sua casa, vai ter um cofre, que, no caso digital, é a criptografia”, explicou.

 

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