São Paulo Atualidade das empresas

Catherine Petit conta um pouco sobre a rotina de dirigir uma multinacional do ramo de bebidas no Brasil

Executiva com dupla nacionalidade francesa e britânica é diretora-geral da Moët Hennessy do Brasil, liderando a distribuição do portfólio da marca no país

Nossa Mulher Positiva é a Catherine Petit, uma executiva com dupla nacionalidade francesa e britânica, é uma líder visionária e inspiradora, ocupa uma posição de destaque como diretora-geral da Moët Hennessy no Brasil. Sua carreira é marcada pela passagem em diversas localidades ao redor do globo. Em 2001, Catherine chegou ao Brasil, ocupando cargos de destaque como Business Controller em empresas francesas. Em 2007, foi recrutada pela Moët Hennessy como Diretora de Business Support para a Região América Latina, África, Oriente Médio e Canadá. Em 2016, assumiu o cargo de Gerente Geral para a África do Norte, Oeste, Central e Oriente Médio, supervisionando 25 países. Retornou ao Brasil em 2020 como Diretora Geral da Moët Hennessy do Brasil, liderando a distribuição do portfólio da marca no país, além de também ocupar o cargo de Estate Director da Chandon do Brasil em Garibaldi. Sua trajetória internacional e sua expertise consolidam sua posição como uma líder influente e estratégica no mercado de bebidas de luxo.

Como começou a sua carreira? Eu tenho uma formação clássica em administração de empresas, me formei em Paris e comecei em auditoria na Arthur Andersen. Foi quando me candidatei para uma missão em Marrocos que minha carreira se tornou internacional, feito de muitos desafios e barreiras que poderiam ser considerados como impossíveis a superar. Mas nunca aceitei um não como resposta, e preconceito e injustiça sempre me deram coragem para brigar e obter o que eu queria. De Marrocos, fui para Londres, 3 anos, e depois Buenos Aires, ainda com essa auditoria. De lá, graças a conexões consegui emprego em Business Controlling na Região LatAm de uma seguradora e me mudei para São Paulo, e depois de 3 anos assumi um cargo similar na Pernod Ricard. Em 2007 entrei finalmente na Moët Hennessy como Business Support Director LatAMEC, região que cobria LatAm, mas também África, Médio Oriente e Canadá. Meu trabalho foi de desenvolver negócios na África e quando esse continente se tornou uma Região própria fui promovida a General Manager para uma Sub-região com 25 países sob minha responsabilidade. Para esse cargo me mudei de volta a Paris, e depois de 4 anos recebi o convite tão esperado de Managing Director do Brasil em 2020. Já faz 4 anos que estou nessa cadeira.

Como é formatado o modelo de negócios da Veuve Clicquot? Veuve Clicquot é uma das marcas do portfólio da Moët Hennessy, o ramo de bebidas do grupo LVMH. Ela é uma das 6 marcas de champagne que vendemos no Brasil. Como cada marca do nosso portfólio, ela tem um DNA próprio, códigos e valores que são a base das plataformas de comunicação que desenvolvemos para construir a marca e criar desejabilidade para o consumidor. A Veuve Clicquot se apresenta como uma marca Solar, um luxo mais descontraído e uma celebração do optimismo. Ela também se posiciona como uma marca Boutique e sustentável. E como todas nossas marcas, tem um propósito: com nossa plataforma de Bold Conversations (conversas ousadas), providenciamos momentos de trocas de experiências para inspirar as mulheres que querem empreender, seguindo o exemplo da Viúva Clicquot que, após perder o marido aos 27 anos, teve a coragem e audácia de empreender numa época em que mulheres não podiam trabalhar, ter contas bancárias, votar… foi ela que tornou essa Maison como uma das maiores e mais inovadoras da região de Champagne. Segundo passo dessa construção de marca é desenhar um “Go to Market” para chegar até nossos consumidores: trabalhamos com uma distribuição seletiva e nós nos apoiamos em clientes parceiros (bares, restaurantes, hotéis e varejo seletiva…) onde conseguimos desenvolver visibilidade e criar um entorno que permite aos consumidores vivenciar experiências em linha com os valores da marca: terraços “Solaire” com visibilidade feita de ombrelones, almofadas e outros itens brancos e amarelos, para curtir um pôr de sol com uma taça de Clicquot, ou no varejo ofertas de “Icons”, como a mini geladeira ou a Ice Jacket para guardar as garrafas frescas, ótimas dicas de presentes, etc.

Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? 2003 foi um ano de muitos desafios para mim. Eu me separei do pai do meu filho que tinha apenas 1 ano e poucos meses depois fui desligada do meu emprego devido a uma reestruturação. Precisava decidir entre voltar para França na casa dos meus pais, desempregada, divorciada com bebê para criar ou tentar me reerguer no Brasil. Decidi ficar e foi uma boa decisão porque arrumei emprego rapidamente, me mudei para o Rio e tive a oportunidade de retomar minha carreira. Apesar de não ter familiares por perto tive a sorte de ter muito apoio de amigos e a incrível babá do meu filho, o que me permitiu viajar e crescer na minha carreira.

Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Foi e continua sendo o maior desafio para mim. Enquanto meu filho morava comigo foi muito difícil, sobretudo psicologicamente porque mãe com carreira sempre fica com má consciência do tempo que passa longe do filho (ainda mais eu que viajava para África semanas inteiras!). Mas sempre acreditei que o mais importante era a qualidade do tempo que você passa com seus filhos, não a quantidade. Hoje meu filho tem 22 anos, está estudando na França, ele é um menino feliz, equilibrado e está com um futuro promissor então imagino que alguma coisa fiz certo! Hoje, apesar de não ter mais filho em casa, esse equilíbrio continua difícil de conseguir, mas eu sigo com essa mesma regra: depois de tempos intensos de trabalho, eu fujo para um lugar longe da muvuca onde consigo recarregar as minhas baterias e cuidar de mim.

Qual seu maior sonho? Que um dia não seja mais preciso desenvolver Iniciativas de Diversidade & Inclusão porque não teremos mais discriminação de nenhum tipo…

Qual sua maior conquista? Ter chegado onde estou hoje, com uma carreira promissora em frente, superando barreiras e vencendo preconceitos e, com esse percurso, inspirar mulheres a acreditar que elas também podem.

Livro, filme e mulher que admira:

  • Livro: Referência: Americanah de Chimamanga Ngozie Adichie (história de uma mulher nigeriana atrás da sua identidade que enfrenta todos os preconceitos e sofrimentos possíveis ao chegar nos Estados Unidos). Ultimamente: Escute teu silencio de Petria Chaves (dicas sábias de como se preservar no mundo de hoje)
  • Filme: Referência: filmes de Woody Allen que faz leituras cirúrgicas de culturas diferentes; meu preferido: Midnight in Paris, claro! 😊 Ultimamente: Anatomia de uma queda de Justine Triet
  • Mulher: Simone Veil: exemplo máximo de enfrentamento de inúmeros obstáculos de vida, de construção de carreira inédita num mundo masculino e de luta para os direitos das mulheres

Fonte: Catherine Petit conta um pouco sobre a rotina de dirigir uma multinacional do ramo de bebidas no Brasil | Jovem Pan

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