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Engajamento e preparativos para a COP-30

Em evento da Comissão de Bioeconomia, Elisabeth Laville, CEO da Utopies, compartilhou como líderes podem fortalecer suas marcas com a agenda ambiental

 

Em 6 de junho, a Comissão de Bioeconomia da CCIFB-SP realizou um café da manhã com o tema "Acelerando o engajamento na jornada ESG e explorando oportunidades na COP 30". O objetivo foi reunir líderes de empresas associadas para iniciar discussões sobre sua participação na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, programada para novembro de 2025 em Belém, Pará. Cyrille Bellier e Fernando Tabet, colíderes da Comissão, moderaram o encontro, com Raquel Busnello e Isabella Yanez como vice-líderes.

A convidada foi Elisabeth Laville, fundadora e CEO da UTOPIES, reconhecida por sua liderança e influência na agenda ESG francesa e europeia. Em participação online, ela destacou como os líderes podem transformar a agenda ESG em oportunidades de negócios e fortalecer suas marcas.

Em um breve retrospecto, ela apresentou como a consciência e o engajamento de empresas e consumidores em relação a pautas ambientais evoluiu ao longo das últimas décadas. Segundo ela, apesar de inúmeros estudos e vidências, as metas ambientais estabelecidas globalmente, como no caso do Acordo de Paris, em 2015, estão longe de serem cumpridas. “Muito se fala em ações, mas ainda não vemos os resultados delas. O que vivemos hoje é efeito da poluição de décadas atrás, ou seja, talvez demore para vermos o resultado das iniciativas de hoje. O que não significa, é claro, que não devam ser feitas.”

Elisabeth comenta, ainda, que o “tipping point”, ou seja, o momento decisivo em relação às mudanças climáticas, ocorreu em plena pandemia, quando, em 2020, a Covid-19 interrompeu por meses a produção em fábricas, o uso de meios de transporte e outras formas de poluição.  “Ficou claro, naquele período, que a sustentabilidade é muito mais uma questão cultural do que de tecnologia ou de reciclagem. Ela implica mudanças de hábitos e escolhas mais conscientes”, afirma. Essa nova consciência chegou finalmente aos líderes, que passaram, cada vez mais, a integrar as pautas CSR (responsabilidade social corporativa) às estratégias de negócios e inovação de suas empresas.  Hoje, segundo a convidada, essas pautas já não são mais uma opção, e sim uma obrigação. Além disso, “ser transparente é algo que já não basta. As empresas precisam usar sua influência, sua estrutura e seu poder não apenas para reduzir, mas para, de fato, resolver o problema”, explica. Da mesma forma, os produtos sustentáveis são vistos como obrigatórios, e não mais como um diferencial no portifólio. Outro grande avanço recente é que as iniciativas muitas vezes se estendem a aspectos sociais. “As pessoas esperam mais das companhias que consomem e para as quais trabalham. Essa expectativa é maior em públicos mais jovens, o que indica o grau de conscientização das novas gerações”, acrescenta. “As iniciativas das empresas são cruciais para sua imagem. Mesmo aquelas que ainda desenvolvem poucos projetos acabam se beneficiando de uma visão geral de proteção e preocupação com o meio ambiente”.

Em seguida, houve uma sessão informativa sobre a COP 30, abordando as expectativas sobre o evento e a participação das empresas. Perguntada sobre como vê a COP-30, Elisabeth Laville disse que, em geral, os países que se comprometem com as metas não são os mesmos que as cumprem. Sendo assim, diz, é preciso que as discussões incluam outros players, como bancos, empresas e a sociedade civil, para que haja diálogos construtivos e um país não ancore o outro em suas ambições.  “Os países precisam de empresas que suportem suas metas e os ajudem a começar as mudanças que são necessárias. Essas mudanças só acontecerão quando houver regulações ambiciosas, capazes de envolver e estimular a sociedade”, acrescenta.

Após as apresentações, os participantes foram convidados a participar de uma sessão de diálogo e troca entre líderes, onde puderam compartilhar suas perspectivas e discutir oportunidades de sinergia e colaboração para potencializar as participações na COP 30.