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O desafio ESG e a adaptação das empresas às novas demandas

Evento destaca a importância de integrar práticas sustentáveis com governança sólida, inovação e responsabilidade no mercado

No dia 25 de março, a Comissão Legal, em parceria com a Comissão de Bioeconomia, promoveu o evento "Desafios e Oportunidades de ESG: Aspectos Jurídicos e Regulatórios", na sede do Trench Rossi Watanabe Advogados. O debate aprofundou a importância de integrar o ESG de forma estratégica, com governança sólida e ações concretas, para garantir não só competitividade, mas também responsabilidade perante consumidores e investidores.

Os palestrantes convidados foram Silvia Bernardino, Katherina Ballesta e Giovani Tomasoni, do Trench Rossi Watanabe Advogados; Michelle Maximiano Martins, da Air Liquide Brasil; e Carolina Hasegawa, da Rever Consulting.

Giovani Tomasoni destacou que a implementação de práticas de ESG exige uma abordagem de longo prazo. Ele afirmou que "não estamos abandonando essa agenda, não tem como abandonar uma agenda tão importante, uma agenda que está transformando o negócio", mesmo diante da pressão por resultados rápidos do mercado financeiro. Tomasoni também abordou as dificuldades regulatórias enfrentadas pelas empresas, que precisam se adaptar a legislações cada vez mais complexas e variadas em diferentes regiões do mundo. Ele ainda alertou para os riscos de "greenwashing", onde empresas fazem promessas ambientais sem ações efetivas, o que pode resultar em litígios e danos irreparáveis à reputação.

Michelle Maximiano, Diretora jurídica e de compliance da Air Liquide, compartilhou as iniciativas da empresa para reduzir as emissões de CO2, como o uso de empilhadeiras e caminhões elétricos, além da transformação de biogás em biometano. "Estamos buscando fontes renováveis de energia para criar um produto mais verde, não só para o meio ambiente, mas também para nossos clientes”, afirmou. Ela também destacou o engajamento da empresa em promover inclusão e diversidade por meio de programas internos, como um que incentiva a contratação de mulheres nas operações, e outro que apoia a melhoria das condições de moradia nas comunidades locais, por exemplo.

No que diz respeito aos processos de fusões e aquisições (M&A), Silvia Bernardino abordou o impacto crescente das práticas de ESG. “A auditoria ESG não é mais apenas uma formalidade, mas uma análise detalhada de riscos que pode determinar o sucesso de um negócio", afirmou. A advogada também observou que empresas com políticas ESG bem estabelecidas atraem compradores dispostos a pagar mais, enquanto a falta de conformidade pode levar a desistências. A importância de uma governança sólida, com transparência nos processos e clareza nas responsabilidades dos administradores, foi ressaltada como um elemento essencial para o sucesso e credibilidade das transações.

Katherina Ballesta alertou para o crescente risco de "greenwashing", enfatizando que o desempenho de ESG é relevante não só para o consumidor, mas também para o investidor. Ela reforçou a necessidade de políticas ESG genuínas para evitar riscos legais e danos à reputação das empresas, alertando que uma falha nesse aspecto pode resultar em sérios impactos tanto nas finanças como na reputação.

Por fim, Carolina Hasegawa abordou a evolução do ESG, destacando que as práticas empresariais deixaram de ser um diferencial para se tornarem uma posição permanente nos mercados. Ela sugeriu que as empresas integrem práticas sustentáveis de maneira estratégica, com uma governança formalizada e descentralizada, para que a sustentabilidade se transforme em uma verdadeira "fortaleza do negócio". A palestrante também destacou a importância de “tropicalizar”, ou seja, adaptar as estratégias globais ao contexto local, enfatizando que o ESG é uma excelente oportunidade de mercado, com consumidores cada vez mais atentos às práticas responsáveis e sustentáveis das empresas.

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