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O estilo de vida dos franceses é compatível com a sustentabilidade?

 

Webinar  aponta como a gastronomia, a moda e a cultura e outros elementos que caracterizam a França vêm adotando práticas que preservam o meio ambiente

No dia 1º de fevereiro, “o art de vivre à la française e a sustentabilidade podem caminhar juntos?” foi o tema do webinar promovido pela Comissão Art de Vivre, liderada por Philippe Ormancey, da Chez France. Os palestrantes convidados foram os vice-líderes da comissão, Milena Ribette Jovanovic e Frédéric Ribette, da Travel Gourmet.

Segundo Milena, a art de vivre é uma expressão que destaca o estilo de vida característico da França. Ele se refere, entre outros aspectos, à gastronomia – nesse acaso, ao contrário do que muitos imaginam, não se trata necessariamente de pratos caros, mas preparados a partir de ingredientes de qualidade. “São preferidos os alimentos naturais, o que diminui o impacto na produção. O desperdício de alimentos também é evitado, o que já é, há muitos anos, uma prática que protege a agricultura e garante a qualidade dos alimentos”, explica. Muitos produtos trazem selos e labels que indicam sua origem e garantem a qualidade, especialmente entre queijos e vinhos. “Esses selos protegem não só as áreas que fabricam esses itens, mas também o savoir faire, ou seja, a maneira como são produzidas. Esse é um saber transmitido de geração em geração”, acrescenta Milena.

A utilização cada vez mais frequente de ingredientes locais e de estação indica como a sustentabilidade está presente na gastronomia francesa. “Praticamente todos os vilarejos contam com feiras livres. O acesso a itens frescos e da estação é fácil e os franceses gostam muito de comprar diretamente do produtor ao invés do supermercado”, diz Frédéric.

O reaproveitamento de alimentos e o descarte correto de itens orgânicos, como a compostagem são outras práticas cada vez mais adotadas pelos restaurantes, que recebem selos e são rigidamente controlados. O mesmo vale para produtores que utilizam métodos éticos em sua produção, especialmente quando há criação de animais.

Vinhos sustentáveis – E não se pode esquecer do maior símbolo da art de vivre: o vinho. A França possui um sistema que reconhece as práticas sustentáveis, como o uso de água e o não uso de pesticidas, por exemplo. Segundo Frédéric, é difícil mudar meios de produção já muito antigos e consolidados, mas a vinícola francesa tem conseguido resultados muito bons. “Os vinhos orgânicos, por exemplo, têm qualidade cada vez melhor, afirma. “Muitas redes de supermercado reservam espaço para os produtos locais, o que estimula sua venda, especialmente nas regiões de Bordeaux e Borgonha.”

Moda durável – A moda é outro aspecto que caracteriza o estilo de vida francês. As marcas de luxo, como Chanel, Dior, Hermès e outras, continuam promovendo desfiles e utilizando itens como couro em suas coleções, mas já buscam alternativas, como couro de pescada e algodão orgânico, por exemplo. “Não estamos falando de fast fashion, o que é realmente um veneno para o meio ambiente. Mas a indústria da moda francesa, de forma geral, está adotando práticas, tecidos e modos de produção mais sustentáveis”, afirma Frédéric. “A busca por brechós é algo que vem crescendo muito, indicando o reaproveitamento das peças. Há muita procura por peças de boa qualidade, que podem durar várias estações”, complementa Milena.

Arte e cultura acessíveis – quando se fala da França, logo vêm à mente arte, cultura, filosofia. Pois até essas coisas refletem a conscientização ambiental. A promoção da arte e da cultura locais, por exemplo, são exemplos disso. Alguns eventos artísticos, como o festival Climax Bordeaux, incluem em sua programação discussões sobre gestão de resíduos e ações de preservação do meio ambiente. Além disso, há movimentos artísticos com o uso de materiais sustentáveis em artes plásticas e esculturas. Na literatura, há cada vez mais autores e editores que exploram essa área para conscientizar a população. “Os franceses gostam muito de ler, e sempre há espaços públicos que favorecem esse hábito”, lembra Frédéric. Os museus, em sua maioria, já usam energia renovável e adotam práticas sustentáveis, como reuso de água.

Frédéric ressalta que desde crianças os franceses têm acesso à cultura gratuita, o que permite que todos desenvolvam apreço à cultura e a valores humanistas. Essa gratuidade, segundo ele, é uma forma de sustentabilidade pois garante a preservação do conhecimento, das tradições e da própria art de vivre dos franceses.

Turismo e meio ambiente – De acordo com o casal, uma viagem é considerada ambientalmente responsável quando é concebida em torno do respeito pelos recursos naturais, pelas pessoas, pelos animais, pelo patrimônio e pela cultura local. Além disso, o turismo deve ser um meio de desenvolvimento econômico e social das comunidades locais. “Grupos pequenos, guias e motoristas locais, hospedagens que usam energia renovável… até mesmo a bicicleta pode ser utilizada ao invés de veículos que poluem”, diz Frédéric.

A harmonização entre o art de vivre à la française, luxo e sustentabilidade, para eles, é uma jornada em evolução que requer uma mudança de valores. “A promoção de um estilo de vida francês sustentável pode resultar em benefícios duradouros para o meio ambiente, a sociedade e a preservação de uma parte valiosa do patrimônio cultural francês”, concluem.

 

Assista na íntegra o webinar: 

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