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Renascimento do trem: webinar da Comissão de Infraestrutura discute panorama e projeções do transporte ferroviário brasileiro

 

Com crescimento do PIB, país precisa aumentar capacidade de escoamento de produção e diminuir custo-Brasil, dizem palestrantes convidados

O transporte por trens no Brasil tem enorme potencial a ser explorado no Brasil e é estratégico para o crescimento sustentável do país. O tema foi debatido no webinar ‘Desafios e oportunidades do mercado ferroviário brasileiro”, promovido, no dia 8 de novembro, pela Comissão de Infraestrutura da Câmara de Comércio França-Brasil (CCIFB).

Ao abrir os debates, a Diretora Executiva Nacional da CCIFB, Corinne Fontenelle, ressaltou que, em outros países, o trem é um dos meios de transporte mais utilizados. “No Brasil, as ferrovias não são tão conhecidas. Mas elas têm um potencial muito grande, muitos projetos no setor, o que traz muitas oportunidades de investimento”.

A líder da Comissão de Infraestrutura, Fernanda Assis Souza, também falou no início do webinar. A mediação foi de Felipe Alvez Pacheco, sócio do escritório Chenut. “É um setor muito importante para qualquer país que queira ter um crescimento relevante”, afirmou.

Presidente executivo da Anut (Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga), Luiz Henrique Baldez, apresentou dados do setor em sua apresentação. Atualmente, o volume de carga transportada em ferrovias é de 500 milhões de toneladas por ano.

O Brasil tem hoje 30 mil quilômetros de ferrovias, mas apenas 40% da malha está em plena operação, o que representa 12 mil quilômetros. “A carga total movimentada no Brasil é de 2,5 bilhões de toneladas. Portanto, o setor transporta 20%. A maior parte da produção é minério de ferro, cerca de 75%”, salientou o especialista.

De acordo com o presidente da Anut, um dos principais desafios é fazer com que o setor ferroviário alcance entre 30% e 35% da matriz de transportes até 2035. No novo Plano de Aceleração de Investimento (PAC), do governo federal, o investimento em ferrovias previsto é de R$ 94,2 bilhões. “Precisamos lançar hoje as bases para o futuro”, afirmou Baldez.

“Em uma simulação, com o país crescendo 2% ao ano, o aumento de carga é de 1%. Para atingir 35% da matriz do transporte, o setor ferroviário precisará movimentar 934 milhões de toneladas. Com os projetos em andamento, teremos uma capacidade de 634 milhões de toneladas. Portanto, ainda é preciso agregar, em 12 anos, 300 milhões de toneladas”, disse Baldez.

Para Ismael Trinks, superintendente de transporte ferroviário da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), a participação do setor privado é fundamental para o crescimento do transporte de trens.

“O governo busca aumentar a sua atuação ao lado do setor privado, ao invés de uma retomada muito forte das obras públicas, para dessa forma aumentar a capacidade e extensão da malha ferroviária”, opinou o especialista.

Segundo ele, o crescimento sustentado do setor precisa estar baseado em alguns pilares, dentre eles novas concessões e a prorrogação antecipada de contratos que vencem nos próximos anos.

Outra iniciativa importante são as ferrovias autorizadas – inovação legislativa que permite a construção e exploração de linhas diretamente pelo setor privado. Além disso, existe o mecanismo do investimento cruzado – quando o concessionário troca o dever de pagamento de uma outorga por uma entrega de um ativo.

“É possível dizer que a ferrovia está renascendo no Brasil”, afirmou Trinks.

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