São Paulo Webinar

Sucesso e desafios nas aquisições no mercado brasileiro

Webinar realizado pela Comissão de Comércio Exterior abordou estratégias e insights essenciais para investimentos no país

O Brasil, com sua impressionante economia e potencial de crescimento, foi o foco do webinar "Por que e como ter sucesso em uma aquisição no Brasil", realizado no dia 19.03 pela Comissão de Comércio Exterior.

Os palestrantes convidados foram Maristela Bischof, diretora geral no Brasil da Pramex International Brasil, e Jérôme Dupas, diretor geral adjunto do Grupo Pramex International. A moderação foi de Cyprien Hoffet, vice-líder da Comissão.

Para Hoffet, “o Brasil está cada vez mais atraente para os investidores estrangeiros, com sua infraestrutura em expansão e um mercado que ainda oferece muito a ser explorado”. A visão é compartilhada com Dupas, que fez um panorama do mercado de fusões e aquisições (M&A) no Brasil, indicando que, apesar da instabilidade política e econômica em outros momentos, o país continua a ser um mercado promissor. “O Brasil não é apenas um mercado de ativos, é um mercado com crescimento robusto, o que cria grandes oportunidades para quem sabe navegar suas especificidades”, afirmou.

O convidado detalhou as três etapas principais de uma aquisição bem-sucedida no Brasil: preparação, negociação e integração. Segundo ele, a preparação é essencial, e uma das primeiras decisões é entender se a empresa realmente quer entrar no Brasil. “Antes de mais nada, pergunte-se: estamos prontos para isso?”, destacou, ressaltando a importância de ter uma visão clara e uma boa rede de apoio local.

Maristella Bischoff, que comanda a Pramex no Brasil, fez questão de abordar as nuances culturais que podem impactar o sucesso de uma aquisição. "No Brasil, as negociações não são apenas sobre números, mas também sobre relações humanas. A confiança e a comunicação são fundamentais", afirmou, acrescentando que a capacidade de se adaptar ao ritmo brasileiro e ao comportamento dos empresários locais pode ser a chave para fechar um bom negócio.

A especialista também tocou em questões práticas, como a necessidade de entender as regras fiscais e jurídicas brasileiras. “Não subestime o sistema complexo e as exigências regulatórias, especialmente nos setores estratégicos como o de mídia e telecomunicações”, alertou. “A transparência e o respeito às regulamentações locais são pontos críticos para evitar surpresas no futuro.”

O processo de due diligence foi descrito pelos palestrantes como outro fator decisivo para o sucesso de qualquer operação. De acordo com Dupas, é fundamental que o investidor tenha acesso a todas as informações antes de formalizar o acordo. “A preparação e o conhecimento do alvo são cruciais. Não se deve apressar, mas também não dá para deixar o processo esfriar, senão a dinâmica de uma transação pode ser perdida", enfatizou.

Outro ponto que gerou discussões foi a importância das relações interpessoais no Brasil. “As negociações muitas vezes ocorrem fora da sala de reuniões, por meio de conversas informais e até mesmo no WhatsApp. A comunicação direta pode ser um trunfo na aproximação entre empresas”, revelou Maristela.

Ao falar sobre o financiamento das aquisições, Dupas destacou que muitos investidores cometem o erro de procurar o financiamento após encontrar o alvo. "Isso não funciona. A dinâmica de uma aquisição exige que você tenha a tesouraria pronta. Sem ela, você pode perder a oportunidade", afirmou, deixando claro que o planejamento financeiro deve ser estratégico e imediato.

Ao longo do evento, também foram abordadas questões mais complexas, como a corrupção no processo de due diligence. A dupla de especialistas explicou que, embora o Brasil tenha avanços nesse aspecto, ainda é necessário ter cautela. “A due diligence jurídica e contábil ajuda a detectar qualquer risco, mas não podemos subestimar a percepção do mercado local”, afirmou Maristela, que também reforçou a importância de estar atento a esses aspectos.

Para encerrar, os palestrantes discutiram o cenário internacional e o impacto da atual reorganização do comércio global, com destaque para o fortalecimento dos laços Brasil-China. “O Brasil continua sendo um destino estratégico, não só pela sua estabilidade econômica, mas também pela sua conexão crescente com mercados chave”, observou Dupas.

Assista o vídeo na íntegra: