Entrevistas

Do networking à liderança: Antônio Alberto Gouvea Vieira e a CCIFB-RJ

Um relato sobre décadas de colaboração, aprendizado e construção de conexões sólidas entre Brasil e França.

CCIFB RJ: Como começou a sua relação com a Câmara de Comércio França-Brasil?

Antônio Alberto Gouvea Vieira: Eu comecei a frequentar a Câmara nos anos 80, quando eu tinha menos de 30 anos de idade. Naquela época, todas as reuniões eram presenciais e aproximadamente 90% dos participantes da CCIFB-RJ eram franceses. Foi uma experiência profissional fantástica para mim.

CCIFB RJ: Como se deu o seu envolvimento inicial com a Câmara e o que o motivou a participar ativamente?

Antônio Alberto Gouvea Vieira: O meu envolvimento com a Câmara começou porque o Escritório de Advocacia Gouvea Vieira, do qual eu sou sócio, historicamente trabalhava com muitas empresas francesas na implantação de seus negócios no Brasil. Eu me aproximei da Câmara justamente para fortalecer esse relacionamento e expandir nossas conexões.

CCIFB RJ: Como essa experiência impactou sua carreira profissional e pessoal?

Antônio Alberto Gouvea Vieira: Como eu era jovem e participava do conselho, eu tive a oportunidade de participar de encontros e reuniões com presidentes de grandes empresas francesas. As reuniões eram extremamente formais e exigiam muita participação. Além disso, praticar a língua francesa em um ambiente profissional fez toda a diferença para aprofundar minhas relações de trabalho com os franceses. Eu nunca morei na França, mas estudava na Aliança Francesa aqui no Brasil, então ter essa dinâmica profissional foi muito importante para mim. Alguns anos depois, fui eleito presidente da CCIFB-RJ com mandato de 1994 a 1997, tendo sido o primeiro brasileiro a presidir a instituição.

CCIFB RJ: Durante seu período como presidente quais foram as suas principais contribuições?

Antônio Alberto Gouvea Vieira: Acredito que minha principal contribuição, junto com o presidente da CCIFB-SP na época, Jean Claude Breffort, foi unificar a Câmara de Comércio do Rio de Janeiro e a de São Paulo. Institucionalizamos esse acordo ao criar um estatuto comum. Além disso, criamos a figura do associado institucional, algo que ajudou a estabilizar as finanças da Câmara, que antes não era muito estável. O Breffort, que na época era presidente da Saint-Gobain no Brasil, foi fundamental nesse processo. Ele foi o principal responsável por atrair e criar um relacionamento mais sólido entre as empresas francesas e a Câmara. Gostaria de ressaltar também a grande contribuição do ex-presidente Raphael Lange para o desenvolvimento da Câmara de Comércio França-Brasil do Rio de Janeiro.

CCIFB RJ: Quais são, na sua visão, os principais diferenciais que a Câmara oferece para empresas que buscam estabelecer relações entre França e Brasil?

Antônio Alberto Gouvea Vieira: A Câmara potencializa as relações de negócios entre França e Brasil, fortalecendo as relações com clientes franceses e atuando como ponte entre representantes do consulado e embaixada. Esse diferencial é especialmente importante para nós, brasileiros, que queremos nos relacionar com empresas francesas.

CCIFB RJ: Depois de tantos anos de envolvimento, quais momentos marcantes você destacaria?

Antônio Alberto Gouvea Vieira: Com certeza, receber visitas de presidentes e demais autoridades francesas no Brasil foram momentos marcantes. Mas, além disso, viver e aprender sobre a cultura francesa de maneira tão próxima foi incrível.

CCIFB RJ: Para encerrar, de tantos anos de envolvimento, o que mais aprecia na Câmara e na convivência com seus membros?

Antônio Alberto Gouvea Vieira: O que eu mais gosto na Câmara é justamente essa convivência genuína entre brasileiros e franceses. Os encontros presenciais sempre foram momentos muito especiais, porque não se tratava apenas de negócios, mas de troca cultural, de aprendizado mútuo. Era um espaço onde eu podia exercitar meu francês, entender melhor as nuances do jeito francês de pensar, negociar, agir, e compartilhar um pouco da nossa cultura brasileira. Esses momentos sempre me enriqueceram muito, tanto profissional quanto pessoalmente.

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