Entrevistas
Michel Durand-Mura e a consolidação de laços bilaterais
Sob sua liderança, a Câmara passou por uma reestruturação estratégica, promovendo o Brasil como destino de investimentos
Quando assumiu a presidência da CCIFB, em 2005, Michel Durand Mura sabia que estava diante de um desafio importante: continuar a modernizar a Câmara e ampliar seu papel na promoção de negócios bilaterais. "Precisávamos nos tornar mais eficientes e atrativos para os investidores. Para isso, era essencial um planejamento robusto e de um olhar atento às oportunidades de crescimento”, conta o ex-presidente, que acumulou vasta experiência à frente de empresas do setor farmacêutico, como a Roussel Uclaf, Hoechst, Aventis Pharma, Sanofi e, hoje, e Muram Assessoria Empresarial.
A estratégia incluiu uma atuação mais abrangente no país, com maior autonomia operacional para as Regionais: “não promovemos nenhuma mudança radical, mas era preciso que cada Regional explorasse melhor sua localização e suas possibilidades”, lembra o ex-presidente. Ao mesmo tempo, a Comunicação externa e interna ganhou mais força, o que tornou as ações mais coordenadas e alinhadas aos objetivos da instituição.
Outro marco importante foi a aceleração das "Journées Pays", uma série de missões realizadas na França para promover o Brasil. Naquela época, lembra o ex-presidente, o país não estava exatamente ‘na moda’. “Nós precisávamos convencer os franceses de que, apesar das complexidades, éramos um mercado crucial para os negócios.” Essas missões, formadas por grupos de 20 a 30 empresários, percorriam cidades como Paris, Marselha e Lyon a fim de explicar as oportunidades de negócios em setores como indústria, tecnologia e comércio, uma abordagem que se mostrou eficaz na criação de novos laços comerciais.
O Ano do Brasil na França, em 2009, foi outro evento que marcou a presidência de Michel Durand-Mura e teve grande impacto na promoção do país no exterior. A programação incluiu teatro, dança, cinema, música, artes plásticas, eventos esportivos e mostras em várias regiões do país, mobilizando milhares de franceses e brasileiros e obtendo uma grande exposição na mídia. “Foi uma oportunidade única para estreitar laços culturais e econômicos e aumentar a visibilidade do Brasil, bem como impulsionar negócios e investimentos bilaterais”, afirma.
Além de liderar a CCIFB, Durand-Mura presidiu naquele período a EuroCâmaras (Câmara Europeia), uma oportunidade que, considera, foi estratégica para fortalecer e ampliar as oportunidades de negócios bilaterais. A relevância do Brasil, aliás, sempre foi exaltada por ele, apesar dos desafios como a carga tributária elevada e a burocracia complexa. “Eu acredito que os empresários devem encarar esses obstáculos como parte do processo de crescimento. O Brasil pode ser difícil, mas as oportunidades são imensas para investimentos em longo prazo", destaca. Na opinião dele, vinte anos depois o país continua sendo uma potência essencial, particularmente em setores como agronegócio, o varejo, a saúde e a tecnologia. "O Brasil já é visto como uma potência que tem muito a oferecer, e o trabalho que fizemos lá atrás com meus predecessores, os meus colegas da Diretoria e do Conselho, sem esquecer as equipes da CCIFB, foi fundamental para essa percepção.”
A gestão de Michel Durand-Mura também foi marcada por sua capacidade de lidar com os desafios políticos e econômicos dos dois países. "Sempre procurei alinhar as agendas e buscar soluções que beneficiassem todos os envolvidos. Acredito que a Câmara tem um papel fundamental na construção de pontes entre os dois países – e continuará tendo, já que o mercado brasileiro continua a ser um dos mais dinâmicos do mundo e a França tem muito a ganhar com isso", conclui.